Um passeio a dois
Fevereiro 20, 2018
Ricardo Correia
Hoje parecia mais um daqueles dias em que tudo se iria manter igual aos outros.
A rotina do dia de aulas engloba o acordar os miúdos, vesti-los, dar-lhes o pequeno-almoço, e em seguida levar a Ema à Escola. O costume de muitas famílias.
A Beatriz vai também a reboque levar a mana e em seguida iremos para casa. Mas hoje não.
Ao estacionar o carro à porta de casa como é habitual saí do carro para a ir buscar e tirá-la da cadeirinha quando a Beatriz me surpreende.
Bia - pa caja não papá...
Eu - então! não queres ir para casa?
Bia - não caja não.
Eu - Queres ir a onde?
Bia - queio andar pé...
Fiquei meio atónito com este pedido mas acedi de bom grado, até porque o tempo nos presenteou com bom tempo e um sol maravilhoso quase a fazer lembrar a Primavera.
Então lá fomos os dois de mão dada pela rua abaixo direitos ao centro da cidade. Decidi fugir ao caos dos carros percorrendo as vielas da rota histórica de Leiria.
Pelo caminho fomos vendo diversas coisas que lhe chamavam atenção. Porque foi a primeira vez que a levei por aquele caminho para o parque. Geralmente descemos a avenida com lojas, que ela faz questão de parar nelas todas, para esmiuçar a montra toda. Então ficamos ali séculos infinitos a ouvi-la dizer "olha, uau, tão shiro? Vês papá!" E depois faz questão de mostrar a toda a gente e vai chamando a mamã, a mana, o mano, todos têm de ir ver a montra e aquilo que ela achou giro.
Então no seguimento deste cenário a Beatriz ficava encantada com quase tudo, até com uma porta de uma casa, ou janelas....
Bia - Olha papá um pota bemelha...
Bia - Olha papá tantas janelas.
Eu - Sim Beatriz, pois tem, aqui é a Biblioteca.
Bia - Bioteca!
Eu - É onde guardam os livros. Tem muitos livros aqui.
Bia - Libos! Uau! - Acho que ela aprendeu a dizer "uau" com os desenhos animados, então agora é a sua palavra de eleição.
... Como se não bastasse até um gato apanhar sol lhe fez comichão.
Bia - Um gatinho...poxo fajer um feta, poxo, poxo?
Eu - Deixa o gatinho apanhar sol. Se fores lá ele foge.
Bia - Não foge não. - Claro que o gato saiu disparado dali para nunca mais o vêr-mos.
Eu - Vês! Fugiu, com medo de ti.
Bia - Tolo. Gato tolo.
Depois veio os piu-pius, desatou numa correria atrás das pombinhas.
Acho que todos nós já passámos também por essa fase de acharmos que se corrêssemos muito rápido apanhávamos as pombas. Para ela foi uma diversão de outro mundo. Se uma voasse corria de imediato para outra, e depois para outra feliz da vida.
Pelo caminho deparámos-nos com três pinturas excelentes de arte urbana que faço questão de partilhar aqui, com os meus parabéns aos artistas.
E acabámos o nosso passeio de meio da manhã na fonte luminosa junto ao parque, onde a Beatriz ficou que tempos a ver a agua da fonte a subir e a descer, com entusiásticos "uau".