Comer dentro da tradição.
Março 29, 2018
Ricardo Correia
Alguém decidiu que a nossa alimentação ao longo dos tempos deve ser consuante as épocas festivas. Cada época mais significativa tem a sua refeição pré definida.
Claro que somos sempre livres de escolher o que comer! E será que somos?
Nim... Porque depois vem aquela coisa chamada de tradição e aí... Ai de quem fuja da tradição, senão ainda é internado por não estar a bater bem do miolo.
- "És mesmo doido! Então não sabes que nesta época só se come borrego ou cabrito!"
- É pá! Mas o que me estava mesmo apetecer, era uma boa picanha assada na brasa!
-"passou-se..."
Nesta época da Páscoa, tem que se comer cabrito ou borrego. Afinal de contas o pessoal dos talhos tem que escoar o stock.
É assim. No Natal tem que ser bacalhau, senão o pessoal suicida-se por não haver bacalhau. Tem que se andar a poupar o ano inteiro, porque comprar um bacalhau inteiro nessa altura, é como comprar meia barra de ouro.
Depois vem a passagem de ano. Tem de haver leitão. Mais meia barra de ouro.
No Verão é o franguinho de churrasco, seguido do camarão e do fino.
Alguém se lembrou também de começar a comer caracóis. Coitado do animalzinho que não faz mal a ninguém, só põe os corninhos ao sol, agora são atirados para uma panela gigante com azeite e alho onde falecem escaldados, e como se não bastasse ainda são picados com um palito já depois de mortos, para serem comidos.
Mais lá para o meio do verão atacamos nas sardinhas assadas. Limpamos o oceano de sardinha e vem a união europeia chatear-nos a cabeça que demos cabo da cota da pesca da sardinha.
Os estrangeiros ficam malucos com o peixinho na brasa, porque lá nas Englands não se põe nada na grelha. E os alemães é só salsichas, por isso nós somos mesmo os reis da brasa.
A pior época para a restauração é mesmo o carnaval. Nessa época não se come. A malta alimenta-se de samba e folia. Por isso como não há nenhuma refeição associada ao Carnaval não merece ser feriado. Fica aqui a dica para os foliões que se quiserem que seja feriado têm que arranjar uma iguaria para essa época.
Economia minha gente, economia!