Premeio a devassidão latente em mim.
O asco ardente do meu leito doentio.
A esgana que do meu espírito se apodera.
Do escroto imundo, preso por um fio.
Que raio se passa contigo?
Só tenho olhos para o negrume da vida.
Não dou valor ao que ilumina e brilha
Não me seduz a alegria do teu riso forçado,
Sou casmurro e crítico incontestado.
Sem forças para erguer o património
Que ruiu junto comigo da vitória do demónio.
Ainda espero pelo meu anjo guardião.
Que venha afastar as sombras que me rodeiam
A inveja que envolve o meu semblante,
Que derrubou o trono do meu coração.
Não posso dar um passo sem olhar em redor
Desconfio daqueles que me seguem, ignorantes.
Afasto-os com segura amargues, antipatia...
Quem lhes deu autorização, seus reles petulantes.
Sim! Porque eu sou um nobre burguês.
Sou uma força de maior, superior á raça humana.
Agora, auto incentivo-me, apoio-me á minha voz,
Dou azo á minha falsa imaginação que me imana.
Mas deixo cair por terra o manto que me cobre.
Mostrando ao mundo o que realmente sou.
Um bastardo da ralé, sem teto, sem terra.
Algo de abominável, criatura horrenda,
Em troca de um punhado de latão...um sabão
Que possa lavar a minha alma, da neura que me cobre.
Do lixo que me entope, dos espíritos que me consomem
E não me deixam descansar, chamando-me cada vez mais
Que entre na cova funda e de lá não retorne.
Ergo forças vindas do núcleo da minha alma
Quebro o lado ruinoso da minha sina
Não desejo deixar-me vencer pela neblina
Mas sim viver em paz com o meu espirito.
Não baixo os braços à amargura
Concedo-me três desejos dos astros
Ser feliz, amar, dar e receber ternura.
Porque no fundo sou humano como outros.
E não nasci para morrer na amargura.