O regresso às aulas é um sufoco
Setembro 12, 2018
Ricardo Correia
Numa altura em que o regresso às aulas está aí mesmo a bater à porta, a cabeça dos pais anda num rodopio entre dores, angústia, e sofrimento a juntar a um coração miudinho, que vai apertando, apertando apertando até mais não.
Começando pelas dores de cabeça, esta suge logo na preparação não só a nível dos livros escolares, com a respetiva etiquetagem com o nome, turma, ano, e escola. Não vá esses mesmos livros, aparecerem miraculosamente na mochila de algum outro colega mais distraído, que na hora de arrumar, vá arrumando tudo o que lhe aparecer à frente, ou que fique esquecido nalgum banco de paragem de autocarro, ou mesmo no banco do autocarro. Ou simplesmente ganhe asas para qualquer outro local. Tudo é possível quando se trata de miudagem. O mesmo fado se aplica aos cadernos.
Estes, quando se tem uma bacurinha de nome Ema, que no fundo é um diminutivo acentuado para "dil(ema)", na hora de escolher os cadernos é de uma indecisão monumental. É capaz de estar horas em frente à prateleira a dizer "- Este. Não, não, este. Espera, este não. Quero este!"
Estão a ver, a nossa paciência de pais, a explodir e a gritar de exaustão "- Deus! Escolhe lá um por amor da santa! Para ontem." Depois a mochila, a lancheira, o estojo... Arrrrrr!
No que diz respeito ao Xavier, esse como já vai para o 11º ano, é do género qualquer coisa serve. Desde que dê para rabiscar está bom. Felizmente não é exigente com isso, e portanto o melhor é mesmo o que for mais básico. Pode mesmo ser, tipo, os de capa preta que são os mais cool. Tá-se bem!
Felizmente a Beatriz, que inicia o pré-escolar este ano ainda não sofre deste mal da indecisão, que é como quem diz, ainda não tem voto na matéria. Embora também já queira demonstrar a sua dose de grandeza, e tentar opinar na escolha da mochila ou da lancheira, no meio de uma ou outra birra. Daqui advém então, a tal angústia. Na incerteza de saber como ela irá reagir à professora e esta à Beatriz. Surgem então as nossas preocupações sobre a adaptação, se vai ser tão bem tratada na escola como em casa. Se vai ter a devida atenção, agora que deixa de ser o centro do mundo. Visto que já não vai ter tantos miminhos dos pais e dos avós. Se vai vingar na escola? Como irá reagir à interação com os outros meninos? E o mais importante, se vai fazer os primeiros amiguinhos.
Tudo isto deixa uma mãe e um pai à beira de um ataque de nervos pré-arranque-escolar.
Outra matéria que nos deixa recetivos e ansiosos com o inicio do ano letivo, não só para nós, como para a grande maioria dos pais, prende-se com a mítica questão da escolha mais adequada das mochilas. Afinal de contas, os miúdos irão carregar quilos em livros, cadernos e material escolar durante o ano inteiro, e como a diversidade tem vindo a aumentar, é necessário escolher adequadamente sem descuidar a saúde dos nosso filhos. Foi então que li este artigo, da professora Elsa Morais, ao qual aconselho e deixo aqui a ligação para quem quiser aprofundar o assunto como eu. Mochilas escolares… Qual escolher?
Em relação a esta matéria estamos decididos, e como em anos anteriores, a nossa escolha recai sobre a tradicional de duas alças. Apesar de por vezes os miúdos se inclinarem para os trolley porque é giro ou os amigos têm.
Depois desta batalha, não, não é o fim da guerra, ainda vem a próxima batalha. O rol de material escolar exigido pelos professores. Uma lista interminável de tudo e mais alguma coisa. O lápis de carvão tem de ser o número dois, a borracha tem de ser branca, a afiadeira tem de ser com depósito, o corretor tem de ser de fita, a tesoura redonda nas pontas. Os lápis de cor da marca xy. O papel cavalinho, o papal de lustre, a resma de papel de x gramas, etc, etc, etc.
E pronto já faleci sem fôlego... Ou estou internado na psiquiatria. Se é pai ou mãe vêmo-nos por lá.