As flores bêbadas
Março 14, 2019
Ricardo Correia
É fim de semana! A família está toda reunida à mesa na habitual chinfrineira.
Lá em casa não se tem jantares nem almoços em silêncio. Aquela coisa de só se ouvir os talheres a embater nos pratos, é meramente mito.
A gralha da Ema por mais que tente não consegue deixar os outros falar, e comenta tudo o que lhe chama a atenção. O irmão com a mania que já é senhor, repete em tom emproado constantemente, com um suspiro de indignação; "Ema! Eu estava a falar..."
A Beatriz acha piada a tudo e descobriu a própria gargalhada, pelo que lança estridentes risos por tudo e por nada. Ecoam pela casa e fazem vai e vem perfurando-nos os tímpanos como uma broca de betão a rasgar o cérebro. Enfim! Parece uma casa de malucos. Mas só o pai e a mãe. Os putos ainda estão minimamente sãos.
Estavamos à mesa naquele momento relax pós-jantar, a saborear o último copo de vinho, como se de um néctar dos Deuses se tratasse, deixando-nos em êxtase. A Cláudia poisou o copo e agarrou na garrafa do vinho, agora vazia observando-a lentamente e girando-a nas mãos, até que exclamou em tom de ideia luminosa.
Cláudia - Esta garrafa é gira. Dava uma boa jarra para as flores.
Ema - Para as flores! - exclamou metendo-se na conversa.
Eu - Sim é gira. Até podias aproveitar.
Ema - Na na na não... 🤨 Assim as plantas ficam bêbadas! 🙄
Nós - como! 😯
Ema - Então pois. Elas depois bebem o vinho todo... 🤔 E ficam bêbadas.
Eu - Pois é filha tens razão. 😄 - Falo para a Cláudia - Não pode ser amor... Depois as flores crescem todas tortas. E acordam-nos a meio da noite.
Cláudia - hum! A meio da noite! 😊 Porquê?
Eu - Então... Com os soluços. 😁😆
Ema - Ya! Pois é... 😄 Bêbadas...