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Os quarenta e um fazem-me velho?

Junho 28, 2019

Ricardo Correia

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É verdade que senti um choque interior quando atingi os quarenta! Não o posso negar

Aquela velha estória de entrar nos "entas" que toda a gente fala, que mexe connosco de um modo diferente... mas que ninguém sabe explicar o que é.

Agora, com quarenta e um acho que no fundo, é meramente psicológico. Mais nada. Não senti... rigorosamente nada! Nada de nada de diferente em mim! Passei a barreira do fim da juventude e atingi o patamar dos cotas, isso sim. Agora sou cota!

 

Ainda pensei que fosse acordar nesse dia, com uma sensação de estranha agonia. Ou que houvesse uma chuva de estrelas cadentes de modo a poder realizar todos os desejos do mundo. Ou que ao caminhar na rua desse um pontapé numa lamparina com um génio lá dentro, que me aparecesse a cheirar a bafio e me disse-se: "Eu até te concedia um desejo... mas estou aqui preso há tantos anos, que me esqueci como isso se faz." e desata-se a rir às gargalhadas na minha cara feia.

Ou, até mesmo que fosse atingido por um boletim do euromilhões desgovernado pelo vento e que eu descobrisse que era premiado... enfim nada! Tudo igual!

 

Diz a Cláudia que sou um puto grande. Toda a vida a ouvi dizer isto.

"O quê 41! De cabeça são 14" - Diz ela a sorrir na minha direção.

Bolas,  14!  Se agora sou puto com 41, então... com 14 era um autêntico "cabeça de vento", completamente aluado e atrevo-me mesmo a dizer que um pouco desfasado deste planeta. 😁

 

Então e agora com 41? Estou velho! Claro que não. Pelo menos não me sinto assim. Psicologicamente sou e hei-de ser sempre um puto grande.

É assim que gosto de viver. Admito que possa ficar um pouco mais rabugento. É normal! E temos sempre a desculpa de que "é da idade". Afinal de contas diz-se que atingimos o auge da maturidade aos 30. E que depois a partir daí é sempre a decair até sermos "crianças" outra vez, só que com 70 ou 80 anos.

 

A carcaça também não a sinto a desgastar por isso enquanto ela me permitir irei continuar a viver com garra.

Claro que há situações em que me sinto velho, por exemplo, quando o despertador toca para me levantar para ir para o trabalho. Aí, dá-se-me um reumático... 😄 Que até dói a espinha!

Quando tenho que acompanhar a energia desenfreada da Beatriz, a bacurinha mais nova, ui ui, aí parece que vou falecer e acordar morto no dia seguinte. 😁

Ou quando vou a sair de casa e dou com a Ema na casa de banho a pintar as unhas, alternadas de azul e roxo. Mas afinal ela só tem 10 anos! Será que vai para alguma festa e não me disse nada?! 🤔

 

Resumindo. Os 41 não me abalam. E como se costuma dizer. O que não nos derruba torna-nos mais fortes.

Agora vou ali fazer umas flexões e uns abdominais, e enganar-me a mim mesmo, a pensar que não estou velho. 😄

Abraço. Fui.

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