Festival da Canção: o martírio continua
Fevereiro 26, 2018
Ricardo Correia
Passeio os olhos pela RTP durante o festival da canção, semifinal, somente enquanto esperava que o canal da concorrência iniciasse o programa do César Mourão, o d'Improviso. Honestamente, é verdade.
Por isso, só vi as primeiro quatro ou cinco músicas e acho que ainda tenho os pelos arrepiados, não porque as músicas mexessem comigo, mas pela falta de qualidade que demonstraram, tanto os cantores como os compositores.
Depois no fim vi os mais votados e perceber que afinal de contas não perdi grande coisa. Não que o programa do César Mourão seja melhor, é só porque é mais divertido para um domingo à noite, e faz-nos esquecer por um bocado, de sofrer por antecipação da depressão de segunda-feira.
Sinceramente penso que os compositores se estão a esquecer de alguns ingredientes fundamentais como alma e sentimento. É preciso saber passar uma mensagem nas músicas e essa mensagem tem que chegar ao público. Foi isso que fez o sucesso da dupla Sobral.
A música tinha alma e sentimento. O Salvador Sobral canta com uma paixão enorme pelo que faz, e sabe fazer chegar isso ao público. Sente-se a sua entrega e o seu talento.
Claro que depois entra o Diogo Piçarra, com a canção "Fim", que para além de ser um cantor conhecido lança um tema do género daquilo que eu falei anteriormente, com alma, e por isso o mais votado da noite. Mesmo assim, acho que não é um tema forte para vencermos este ano outra vez. Precisava de um arranjo musical mais presente, mais forte.
Pessoalmente, gosto mais da música nº7 da Cláudia Pascoal - "O Jardim", ela canta com mais garra e entrega, embora algumas notas lhe tenham saído menos bem. Mas nada que não se resolva com treino.
Também gostei da canção nº13 do Peter Serrado - "Sunset", mas para mim fica automaticamente excluído só porque cantou em Inglês, e para mim a nossa língua materna deve correr mundo e orgulharmo-nos disso. Ainda por cima, o festival da canção este ano é cá, por isso, à que dar o exemplo.