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Falo ao teu ouvido!

Dezembro 05, 2017

Ricardo Correia

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Não posso falar agora, linda!

Sou a voz que ouves nas sombras.

Que te acompanha ao luar,

Em passeios nebulosos

Desafiantes, insinuosos.

Esta voz estará lá sempre,

Sempre que precisares

E é por isso que estou aqui

Outra vez para te consulares.

Da escuridão emerge o azul

“luce dei cieli”

Um raiar vibrante, um sopro...

Um alento deslumbrante, um fôlego...

Um crescente de esperança

O agarrar de uma lembrança.

No vislumbre do sol

Não te concedo aparência.

Sou a voz que ouves no escuro

A tua nova alma, a tua essência.

O odor presente lilás

Não mais queres quem o trás.

Mas estarei lá, sempre para ti

No olhar universal,

Na boca do mundo.

No espaço ancestral.

Ao teu ouvido respiro

E solto a voz da razão

Não tenho ar de gente

Mas falo a voz do coração.

Sentimentos Profundos

Novembro 30, 2017

Ricardo Correia

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Não deixem o mundo ver-me,
Não deixem ninguém conhecer-me.
Sou “pessoófobico” introvertido.
Gosto do sossego, odeio agitação.
Dou valor a um sussurro,
A um suspiro, à solidão.
Para quê existir para o mundo?!
Quanto mais me ergo...
Maior é o fundo.
Em chamas iradas e famintas,
Ruidosas assassinas.
Consomem tudo e todos,
Labaredas divinas.
Do senil, do louco.
Eu? Louco! Achas que sim!
Não digo coisa com coisa.
Invoco um espírito social.
Lúcido. Paralisia mental.
Mas eis que me ergo. Do nada?
Das catacumbas gélidas do meu solar.
E me entrego ao consumismo exorbitado.
Sei que posso gastar até me fartar,
Não sou louco. Enfadonho, sou normal...
Sou marado, desolado, incontrolado.
Nem sei porque me canso a escrever-te,
Tu não respondes mesmo...
Deixa-me fundir os aros dourados
Com a tua beleza feminina.
Olhos cor do céu,
Cabelo de Verão. Linda...
Então e agora?!
Divido um pouco de mim
Penetro a tua alma purificada.
Rebento a virgindade sagrada
Condenável e lacrada.
Espero um rebento,
Olhos cor de céu,
Cabelo de Verão. Lindo...

Vejo-te mais logo.

Novembro 20, 2017

Ricardo Correia

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Tudo num segundo mudou

A esperança que sentia

Na vida que desmoronou.

Na verdade que se perdia!

A chama da saudade entoou

E a iluminada tristeza ardia.

E tudo sucumbiu e consumou

A plenitude da alma escura

Que se via agora dura,

De tão agreste e tão crua

Da hora penosa e tépida,

Que alguém se separou.

Dizer adeus fere o vazio

Sem querer saber se o sonho

De não restar nada é frio,

E se perdeu na partida.

Se o horizonte me chamar

Para além do meu escolher

Devo aceitar sem pensar

Naqueles que vou perder

Porque o fado assim o diz

Mentiras que devo acreditar

Nos astros que designam

O amanhã o meu acordar

Vou sarar em vão os ganhos

De tudo o que abandonei

A riqueza pessoal surgiu

O ouro do amor ruiu eu sei

Mas de tudo além me espera

Uma penosa sina cega

Que já mais deserdei

Não por mim pelo ego

Ganância turva não perdoei

A luta pelo fim

Novembro 07, 2017

Ricardo Correia

Neste antro húmido do medo

Surge a escuridão que tanto temo.

Os ruídos miudinhos,

Os passinhos curtinhos.

O ranger de fininho,

Arrepiante ermo.

No vácuo, na sombra.

Cai em ti!

Clamo pelo senhor de negro

De manto gélido, e foice erguida

Queres-me levar para o teu céu?

Nobre cínico ermida.

Rogo-lhe eu, num suplico mudo.

Triste sina que me bateu à porta.

Não tenho gado, não tenho horta.

Só me resta esperar pelo meu amo,

Na incumbência patriota.

Na luta contra o desumano.

Regedor satânico, Cipriano...

 

Mas de que me serve,

Esta mundial latrina?

Este esgoto perfumado!

Este ouro, este “el dourado”.

Acabou o ser abençoado.

Afasta-te de mim...

Hipocrisia social,

Do bem na luta contra o mal.

Então lutas sozinho

Pois o mal prevalece.

Há mais ódio de que mar.

Há mais guerra do que luar.

E ninguém se apercebe

Do que está prestes a acabar.

Sismos arrepiados vulcânicos,

Lavas ardentes abençoadas

Chuvas ácidas destroçadas.

Começou a ira dos satânicos.

Lê a Bíblia sagrada

Estuda o Alcorão.

Qual dos dois tem razão?

Acabou... A união, a ilusão.

O teu nome no meu peito

Novembro 02, 2017

Ricardo Correia

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Sim, conversamos horas a fio

Num espaço intemporal, ocasional.

Mas no fim de contas não podemos mentir!

O amor que nos une é mais forte

É impossível resistir!

Os lábios que se atraem como imanes,

O sussurro do calor das nossas peles,

Os abraços fervorosos em uníssono

Dizem-nos que cantamos a mesma melodia.

O destino, nos queria separar por ironia,

Mas não fomos na conversa do guia.

O karma a que nos queriam subjugar

Cabe a nós, amantes líricos traçar.

 

Subjacente a uma raça teimosa

Que sem esforço de união,

Compreensão unilateral,

Quebra laços de ternura

E dá azo á desilusão.

Insistem em conversas mudas

Caminhos sinuosos sem saída,

Desprendem o coração

Do sentido da vida!

 

Mas uma vida sem carinho

Sem amor discutido,

Não faz qualquer sentido

Nas águas turvas do destino.

Dos problemas que surgem,

Das respostas que falham,

Escolhemos caminhos encruzilhados

Mas só com o mapa do cúpido,

Retomamos o rumo enaltecido

Abençoado, apoiado, seguro.

O teu nome no meu peito esculpido

Gravado, lacrado, é o meu escudo

Até ao fim dos meus dias!

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