O mercado de trabalho, mas só para jovens!
Janeiro 30, 2018
Ricardo Correia
Realmente é estranho chegar aos 39 anos e sentir-me velho! Claro que não me sinto velho de espirito, acho-me um jovem. Um jovem cheio de potencial e uma mais valia para oferecer a quem estiver disposto a me dar uma oportunidade para trabalhar. Até porque pelos trabalhos que desempenhei ao longo dos tempos penso que não desiludi ninguém. Agora o que realmente me espanta é ver que os patrões deste país já não querem jovens como eu. Um chegou mesmo a dizer-mo na cara durante uma entrevista. Que preferia uma rapariga mais novinha para poder ensinar. Mas que raio! E eu a pensar que tudo na vida é uma aprendizagem, ou será que só os jovens é que têm capacidade para aprender? E será, que já cheguei à fase da demência, e ainda não me apercebi!
Enquanto vasculhava os cantos da Internet por ofertas de emprego, deparo-me com uma mais ou menos interessante, numa daquelas empresas de trabalho temporário. E dizia o seguinte no fim do perfil pretendido. "Jovem, dinâmico e com sentido de responsabilidade."
Acho que há aqui uma incongruência, porque quando se é jovem pouco sentido de responsabilidade se tem. Não falo do carácter da pessoa mas sim da experiência de vida, uma vez que se estuda anos a fio numa faculdade e sai-se para o mercado de trabalho sem vivência suficiente para saber como se trabalha. A parte prática fica esquecida nos cadeirões da Universidade. A realidade é esta.
Sim estou de acordo que temos que dar oportunidade aos jovens para fazer o arranque no mundo do trabalho, mas acho que para isso é que servem os estágios profissionais.
É vergonhoso certas ofertas que tenho visto. Umas, pelo vencimento que oferecem completamente fora da realidade e outras pelo perfil pretendido. Não interessa se tem experiência ou não, se tem qualificações ou não, o que interessa mesmo, é pagar pouco. E depois nas tarefas a realizar, vem aquele palavreado de "o candidato deve realizar tarefas de...." e vem um rol imenso de funções a desempenhar. O candidato tem de ser um HP (subentenda-se multifunções), para com o ordenado de uma pessoa, desempenhar a função de cinco, no mínimo. Quanto mais conseguir acumular, mais sorrisos e palmadinhas nas costas recebe.