A preguiça mental da adolescência
Dezembro 15, 2017
Ricardo Correia
No outro dia estava a falar com o meu filho mais velho, o Xavier, sobre como também ele podia escrever uma carta ao pai Natal, à semelhança da irmã Ema e de mim, que ambos já escrevemos as nossas cartas ao Pai natal.
A primeira reação dele foi logo -"Really" !, Pai? A sério! - Como quem diz que já passou dessa fase à muito tempo.
- "Really you silly" ! Sério , sério, porque não? Era fixe. - Tentei puxar pelo seu lado mais criativo. - Eu e a Ema fizemos e foi giro.
- Está bem, vou pensar nisso. - Despachou-me com uma pinta monumental.
Então passado um tempo apareceu-me com uma folha de papel escrita a lápis que dizia o seguinte:
Pai Natal,
Sinceramente não sei o que quero, por isso podes me trazer qualquer coisa.
Obrigado,
Uou, fantástica carta ao Pai Natal, sim senhor! É inacreditável a preguiça mental deste miúdo! Claro que contestei logo, que isto não
era trabalho que se apresenta-se, queria mesmo algo mais elaborado, porque não se apresenta um texto de uma linha, tirando o título e a cordialidade. Confrontei-o com um "e se fosse um trabalho para a escola,de Português por exemplo! Como fazias?"
- É que sinceramente não sei o que escrever nem o que pedir! - Disse aborrecido.
Esperem lá... acho que agora já não se diz aborrecido. Diz-se seca!
- Xavier alguma coisa deves querer! - Exclamei eu - Puxa pela imaginação.
Passado mais algum tempo aparece com o mesmo papel escrito a lápis com um pseudo texto escrito.
Pai Natal,
Eu sei que neste Natal as minhas notas nem foram assim tão boas, como no ano passado. Podes fechar os olhos a isso?
Então para este Natal podes trazer, um computador portátil, ou um tablet, ou então um jogo para a playstation.
Também podes-me trazer um livro do "Cherub: O traficante volume 2", e da saga "Five nights at freddy's: the twisted ones".
Decide tu!
Obrigado,
Xavier
Uou, mais uma fantástica literatura portuguesa para juntar à anterior!
Mais uma vez prevaleceu a preguiça mental. Conseguiu ampliar o texto de uma linha para duas. Já é um começo inovador.
E observando bem a pedinchice consegue-se ver que, para quem não sabia o que pedir, não foi nada meigo não senhor.
"UM PORTÁTIL!" , até engoli em seco! Vai lá vai.... "Um tablet!", Está bem baratinho o rapaz, a pedir esta, está!
Quem sabe, se com o tempo não o consigo ir motivando para a escrita.
Porque já para a leitura foi uma guerra tremenda, que eu e a mãe travamos com ele, para ler mais.
Felizmente conseguimos despertar-lhe o bichinho e ele agora é o primeiro a pedir para comprar livros.
"Toma, bai buscar, ganhámos"!